Durante a minha infância eu cresci lendo histórias em quadrinhos e as
minhas preferidas eram da Turma da Mônica. De uma família de três
irmãos, eu, minha irmã e meu irmão, todos nós gostávamos de quadrinhos.
Mas meu irmão tinha uma predileção especial que uma boa parte dos
meninos daquela época, hoje homens dos seus 20 e poucos,possuem: gostar
de histórias em quadrinhos de super-heróis.
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Homem Formiga e Vespa. Imagem retirada do blog Mighty World Of Marvel. |
Confesso que nunca fui fã de quadrinhos da Marvel e da DC Comics. O
meu contato com esses heróis foi através dos desenhos dos X-men e agora
estou conhecendo um pouquinho mais sobre Os Vingadores vendo os filmes
que estão sendo lançados.
Já assisti os dois filmes do Homem de Ferro, o do Capitão América, do
Lanterna Verde e o do Thor e algo é recorrente em todos os filmes: a
mulher é apenas par romântico do herói, quando não é retratada como
secretária ou auxiliar.Claro, acho que isto não é nenhuma novidade pra
nós mulheres. Os filmes são feitos para homens e por homens.
De certa forma os filmes de super-heróis refletem algo que está
presente nos próprios quadrinhos. As heroínas por um bom tempo na
história dos quadrinhos foram tratadas como personagens secundários,
como objetos de fetiche para o deleite dos leitores masculinos. É como
fala Maurício Muniz, no seu blog Guia dos Quadrinhos, em um post sobre porque as mulheres não se interessam tanto por quadrinhos:
“Durante a maior parte de sua existência, a
indústria dos quadrinhos não pensou muito nas mulheres e nem as retratou
de maneira muito justa. As revistas dos super-heróis, com suas tramas
cheias de homens musculosos enfrentando vilões loucos e ambiciosos,
tinha mesmo pouco do universo feminino. Quase tudo que existia no
mercado apelava aos jovens do sexo masculino e sua vontade de viver
aventuras e sair da mesmice através dos heróis de papel. As garotas que
apareciam nas tramas, muitas vezes, eram pouco mais do que elementos do
cenário: uma secretária, a filha de um comissário da polícia, a herdeira
rica e entediada. Sua intenção era aparecer como o interesse romântico
do herói ou como a dama em perigo.”
A fala de Maurício deixa
claro algo presente nessa área que não atrai muitas leitoras:as mulheres
são ou elementos do cenário ou são sexualizadas em excesso. Será que
você, leitora se identificaria com uma heroína que combate o crime
seminua e usa a sedução como arma?
Mas as mudanças são lentas e as grandes empresas de histórias em
quadrinhos começam a perceber que as mulheres podem ser um público
leitor a ser conquistado e as mulheres também começam a ganhar espaço
nesta área predominantemente masculina, como a Gail Simone e a brasileira Adriana Melo.
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Gail Simone.Imagem retirada do blog Garotas Nerds |
Ler e incentivar a leitura e a publicação de histórias em quadrinhos
que não exploram a condição da mulher como um objeto pode ser algo que
nós podemos fazer. Não é legal quando lemos quadrinhos onde as mulheres
são donas de si e não a donzela a ser salva?